O Yoga merece ser integrado na nossa cultura moderna como uma prática universal mente-corpo (Khalsa, 2013). A sua prática pode ser uma intervenção apropriada para tornar mais eficiente e melhorar o processo de aprendizagem na medida em que mostrou ter uma influência positiva sobre diferentes variáveis que influenciam o processo cognitivo, como por exemplo a capacidade de resolução do stress. Observando a literatura científica de perfil, nota-se que a intervenção da prática do yoga parece ser mais eficaz nos alunos de mais idade, a maioria dos resultados positivos sendo registada entre os adolescentes e os estudantes universitários. Mas, para uma melhor evidência precisa-se de uma pesquisa muito mais alargada, sendo necessária a realização de um maior número de estudos para observar os mecanismos subjacentes às mudanças que se observaram nos alunos que praticam yoga.
Existem vários programas escolares que utilizam a prática yoga como auxiliar eficaz na melhoria do processo de ensino. Em 1973, em França, Micheline Flak (PhD), desenvolveu o programa Research Yoga in Education (RYE Pesquisa em Yoga na Educação), que se desenvolveu ao nível internacional. RYE é uma instituição pedagógica que tem como especificidade o uso da prática yoga em conjunto com o currículo escolar padrão. As técnicas tradicionais de yoga são adaptadas e incluídas no processo de aprendizagem com o fim de desenvolver a concentração, atenção e relaxamento. Evidenciou-se que os alunos participantes nestas aulas permanecem mais atentos, mais relaxados e recetivos, mais confiantes e apresentam (junto com os professores), níveis reduzidos de stress (Flak & Arenaza, 2009).
O programa Transformative Life Skills (TLS, Habilidades Transformadores da Vida) é desenvolvido nos EUA para alunos adolescentes e utiliza posturas de yoga, técnicas de respiração e meditação. O programa é extracurricular, as sessões duram 60 minutos e são realizadas duas vezes por semana. Os participantes obtêm efeitos benéficos significativos no que diz respeito a capacidade de controle emocional, a resolução do stress, a redução da violência e das tendências vingativas, ao desenvolvimento de atenção e memória e ao estado de bem-estar (Frank, Bose, & Schrobenhauser-Clonan, 2014).
Get Ready to Learn (GRTL- Preparados para aprender) é um programa de intervenção criado por Anne Buckley-Reen com o objetivo de melhorar os resultados funcionais e académicos dos estudantes com deficiências (Buckley-Reen, 2009). A eficácia do programa foi verificada num estudo realizado de Garg, Buckley-Reen, Alexander, Chintakrindi, Venice e Koenig (2013), numa amostra de 51 estudantes do ensino básico, que apresentavam deficiências. O programa foi aplicado diariamente, 20 minutos, por um período de 16-19 semanas e os resultados provaram uma melhoria significativa na autonomia, na atenção, na capacidade de transição e na autorregulação.
Carmen Mitroi
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